Os filhos já estão criados e a aposentadoria garante algum conforto. Esse é o perfil de “jovens idosos” que têm aumentado o interesse por intercâmbios internacionais na região de Campinas (SP). O número de viagens deste público, que começa aos 50 e vai até 78 anos, em média, aumentou entre 15% a 36% em um ano nas agências especializadas.
O G1 consultou seis das maiores agências da região, que justificam o aumento a partir da disponibilidade de tempo desses viajantes e muitas vezes de pacotes voltados para os filhos que acabam levando os pais junto.
Além disso, a condição financeira mais estável por conta da aposentadoria colabora na hora de garantir um visto. “Geralmente eles têm uma condição financeira bacana e possuem vínculos com o Brasil, o que ajuda bastante a ter a aprovação junto aos países que fazem procedimento prévio”, afirma o proprietário de agência especializada no ramo em Campinas Victor Maquieira.
O “gatilho” familiar foi a forma que Donato Fernandes Nicoliello, de 71 anos, encontrou para fazer o primeiro intercâmbio. Morador de Campinas, ele foi para Malta junto com a filha e o genro em setembro do ano passado. A viagem durou um mês e incrementou o inglês do aposentado com um curso.
“Conheço alguma coisa em inglês e tinha um pouco de vergonha, medo de conversar. Fui lá pra ver se eu perdia isso e consegui. Conversei com pessoas que tinham mais dificuldade do que eu”, conta Nicoliello, que já planeja os próximos intercâmbios para Inglaterra ou Canadá.
Em relação aos cuidados com a saúde, mais intensificados por conta da idade, ele não se descuidou durante o período de estadia no hotel da escola de intercâmbio.
“Fui cercado dos cuidados, seguro de saúde. A gente aproveita pra fazer essas coisas num período que não está frio”, diz.
A temperatura mais amena é um dos motivos para o aumento da procura nesta época, por conta do verão na Europa, que começa em junho.
“Março é um dos melhores meses. As escolas no exterior estão abrindo turmas porque estão percebendo esse aumento na demanda”, afirma Cyro Augusto Machado Vieira, dono de agência de intercâmbio em Campinas.
De acordo com a Belta – associação que reúne as principais instituições brasileiras que trabalham com intercâmbio -, escolas de idiomas no exterior passaram a criar turmas e pacotes especialmente voltados para esse “novo público”.
Elas combinam a viagem com teor educacional com atividades voltadas a gastronomia, dança e história da arte, por exemplo.
“O intercâmbio passa a ser uma modalidade de turismo mais econômico, mais atraente. As pessoas tendem a ficar mais tempo, a acomodação é mais barata e o pacote acaba ficando mais baixo. […] Se sentem produtivas porque elas se capacitam na questão do idioma”, conta Allan Mitelmão, diretor de operações da Belta.
O estado de São Paulo concentra 60% do mercado brasileiro quando o assunto é intercâmbio, e a região de Campinas tem alto potencial, segundo a associação
“O interior de SP, em especial a região de Campinas, tem um público com poder aquisitivo legal e expectativa de vida acima da média de outras regiões do Brasil”, afirma o diretor.
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