Belta

O intercâmbio sempre foi o novo normal

Expressão que ganhou o mundo na pandemia é parte da vida de quem estuda no exterior

Que o ano de 2020 entrou para a história, isso você já sabe – e, muito possivelmente, por experiência própria. A vida mudou para todo mundo (e para o mundo todo) em decorrência da pandemia causada pelo Coronavírus. Atitudes do cotidiano, como sair de casa para trabalhar ou estudar, encontrar os amigos e familiares, viajar… de repente, tudo foi interrompido. Álcool em gel, máscara e face shield, produtos específicos para apenas algumas situações, tornaram-se itens do cotidiano. Distanciamento social virou palavra de ordem. Tudo pode ser resumido em uma expressão que correu o mundo: o “Novo Normal”.

O “novo normal” surgiu como um conjunto de adaptações de atitudes e comportamentos que permitiu que a vida pudesse seguir o seu fluxo rotineiro no decorrer dos dias, semanas, meses em meio a um cenário caótico. Contudo, faça um exercício de imaginação: retira a expressão do contexto da pandemia. Imagine um ambiente no qual a vida, o tempo e os hábitos mudam porque as circunstâncias forçam essa transformação – não por obrigação ou por questões de saúde e segurança, mas porque é o que desejamos.

O novo normal traduz a lógica de um intercâmbio. Converse com quem já passou pela experiência ou leia o relato dos muitos entrevistados da nossa revista ei!. Estudar fora do Brasil e viver em outro país é, desde sempre, experimentar o novo normal.

Dúvida? Pois bem. Quando damos início a uma experiência no exterior, precisamos passar por uma readequação total do cotidiano. O sentido de total, nesse caso, é bem amplo: idioma, pessoas, amizades, comida, lazeres, família. Você está em um país onde dificilmente alguém se comunicará com você em português; seus amigos, familiares e as pessoas que participam da sua rotina estão a milhares de quilômetros de distância; arroz e feijão? Talvez seja tão difícil encontrar o prato quanto praticar futebol durante o inverno nevado de alguns países do hemisfério norte. Dos horários ao senso de humor, quase tudo muda.

Isso tudo, porém, é o que faz um intercâmbio ser especial. Ele dá o início a um novo normal na vida de quem passa pela experiência. As adaptações necessárias para viver um intercâmbio são questões de sobrevivência – mental, pelo menos. Acredite: a não ser com poderes divinos, não há como você mudar a cultura, as tradições e a língua de um país sozinho. Tampouco será possível carregar toda a família e amigos na bagagem.

Muita gente sofre com isso. Testemunhei o caso de um jovem adulto que chegou em Londres para passar três meses e, uma semana depois, com saudades da esposa, do filho e de comer arroz e feijão, arcou com o prejuízo e decidiu voltar para o Brasil. Se você não se ajusta ao novo ambiente, o novo normal te consome de forma implacável.

Admitir que uma vida nova começa logo no desembarque é o primeiro passo para aproveitar sua estadia de estudos longe do conforto de casa. Não se assuste. Pode ser- e, muitas vezes, é mesmo – tão incomodo quanto usar máscara em todas as situações. Mas é necessário. E as recompensas são muitas. É ótimo descobrir e se integrar a novas culturas, experimentar novos pratos gastronômicos, provar novas maneiras de se expressar, conhecer pessoas de todo o mundo. Você pode até desconfiar quando escuta alguém contando que pegar o metrô ou ônibus abarrotado todos os dias foi algo mágico durante o intercâmbio. Mas é assim mesmo. Durante nossa estadia no exterior, o simples – e os perrengues – ganha novos e bem-vindos contornos. Esse novo normal é fantástico.

Escrito por Gustavo Silva (@gusssilva), jornalista, autor e editor da revista ei! Educação Internacional.

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