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Intercâmbio para maiores de 50 anos cresce 20% ao ano

“Viajar é mudar a roupa da alma”, já dizia o poeta brasileiro Mário Quintana. E essa experiência é ainda mais engrandecedora quando agregada à rotina acadêmica — rica em conhecimento e em networking (rede de contatos).

Não à toa, um novo público tem se tornado fiel cliente nas agências de intercâmbio: pessoas acima de 50 anos que desejam resgatar prazeres antes comuns à juventude. Segundo elas, a contratação desse tipo de pacote aumenta 20% ao ano.

Colecionadora de souvenirs, a representante comercial Eunice Freitas, 62 anos, fez o primeiro intercâmbio aos 55. Já conheceu Roma (Itália), onde fez um curso de culinária, e Vancouver e Toronto (Canadá), onde estudou inglês.

Em fevereiro, ela embarca para Dubai, nos Emirados Árabes, para passear e comemorar seu aniversário de 63 anos; e, no segundo semestre deste ano, planeja fazer um intercâmbio na Nova Zelândia.

“Viajar abre a cabeça, dá uma sensação de liberdade inexplicável. É quando sua única responsabilidade é consigo mesma. Sinto como se tivesse 30 anos”, afirma ela, que não abre mão do sonho de conhecer o mundo porque o marido não gosta de viajar.

Com as experiências mundo afora, a representante comercial – que confessa ser intercambista profissional – hoje domina inglês, francês e italiano, fez novos amigos estrangeiros e aprimorou a preparação de massas e molhos. “Adoro chamar amigos e familiares para comer em minha casa. Cozinhar é minha paixão e meu hobby”, diz.

De acordo com a Belta (Brazilian Educational & Language Travel Association; Associação Brasileira de Educação e Linguagem), a contratação de intercâmbio por pessoas acima de 50 anos foi de 2,6% em 2016 para 7,9% em 2017. Os dados de 2018 ainda não foram fechados, mas devem continuar em ascendência, segundo a presidente da entidade, Maura Leão.

“Esse público é mais maduro e sabe o que quer. Por esse motivo, faz o intercâmbio de forma assertiva e segura, geralmente de duas semanas, para aprender um idioma que facilite a próxima viagem”, destaca.

Intercâmbio para maiores de 50 anos

Destinos preferidos

A Belta indica que os países mais buscados pelos 50+ são África do Sul, Canadá, Espanha, Itália e Malta. Mas, embora os destinos sejam importantes na decisão do intercâmbio, Maura afirma que os estudantes priorizam a credibilidade da escola em que vão estudar, antes de fechar o pacote.

“A instituição de ensino é um ponto de encontro dos alunos, espaço em que os viajantes podem parar para ler, estudar e conhecer pessoas de diversos países diferentes. É uma segurança a mais para intercambistas que não gostam muito de aventuras”, reforça.

Preço variável

Os pacotes de intercâmbio variam de acordo com o destino, mas, segundo as agências, é possível contratar viagens de duas semanas para diversos destinos por R$ 3.000 (sem passagens inclusas).

Na CI, a procura cresceu 20% nos últimos cinco anos. E, para driblar a variação cambial, que encarece o preço dos pacotes, a gerente de produtos Luiza Vianna afirma que os viajantes experientes se hospedam em casas de família ou em residências estudantis.

“O público entre 50 e 60 anos busca construir networking e aprender novos idiomas, uma vez que ainda está no mercado de trabalho. Intercambistas acima de 60, por sua vez, querem conhecer pessoas novas, passear em museus, parques e pontos históricos”, explica.

Na STB, a contratação de intercâmbios por viajantes experientes também cresceu 20% de 2017 para 2018, sendo que pacotes de um mês são os preferidos.

De acordo com Rui Pimenta, diretor da agência, há intercambistas que viajam ao exterior pela primeira vez aos 50 anos e também os que aproveitam a oportunidade para refletir sobre uma nova profissão após a aposentadoria.

“Durante um programa de estudo no exterior, as pessoas reavaliam conceitos, aprendem a conviver com o diferente, ampliam a visão de mundo e adquirem novas habilidades”, acrescenta ele.

Intercambista profissional, Eunice afirma que sua vida realmente mudou quando decidiu se aventurar pelo mundo. “Viajar é o melhor investimento da minha vida. Ainda está em minha programação dar a volta ao mundo em cinco meses.”

Fonte: Instituto de Longevidade Mongeral Aegon

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