Desemprego e falta de oportunidades no trabalho podem impulsionar (e a reverter esse cenário) a realização da viagem de estudos para o exterior
Um dado curioso chama a atenção na Pesquisa de Mercado Selo Belta 2019: uma a cada 10 pessoas que fizeram intercâmbio ao longo do ano estava desempregada. O detalhe não passa desapercebido no momento de crise econômica que há anos assola o Brasil. Mas a busca por novas oportunidades fez com que muita gente investisse na própria formação – e o intercâmbio foi um dos caminhos encontrados para a recolocação no mercado.
“A maioria dos brasileiros vê no intercâmbio a possibilidade de crescimento profissional”, avalia Deise Cristina, gerente comercial da agência Selo Belta Beeducation. Para ela, a realidade atual da economia global, conectada e sem barreiras, transformou a forma como empregadores avaliam os candidatos. Um intercâmbio, portanto, oferece mais do que novos conhecimentos técnicos e linguísticos, mas também o que ela considera “habilidades interculturais, a capacidade de compreender pessoas de diferentes origens culturais”.
Esse diferencial já faz parte do currículo de Ana Vidal, que, com 46 anos, há décadas está inserida na indústria do audiovisual. Em outubro de 2018, antecipando a falta de futuro dentro da empresa onde trabalhava, e acompanhando de perto a saída de companheiros, pediu para ser desligada do emprego para se dedicar a outro objetivo: um intercâmbio de 6 meses em Toronto, no Canadá, com o objetivo de estudar a língua inglesa.
“Fiz o intercâmbio para, na volta, conseguir algo melhor”, ela atesta. Ana revela já ter perdido grandes oportunidades de crescimento profissional por não ter fluência no inglês, algo que, para ela, nunca foi alcançado fazendo cursos no Brasil. Não bastasse aprender o idioma em Toronto, ela aproveitou o que a cidade tinha de melhor para oferecer em termos de desenvolvimento profissional. “Depois de três meses, senti que já estava com fluência no idioma e passei a participar de eventos, como conferências de tecnologia e de inovação”, ela diz, ressaltando a oferta de oportunidades gratuitas disponíveis por lá.
Quem trilhou um caminho parecido foi Alberto Rocha Mendes. Questões pessoais e profissionais impediam que o profissional de recursos humanos de 36 anos realizasse o sonho de fazer um intercâmbio. Mas, ao negociar sua saída da empresa onde trabalhava em São Paulo, ele precisou de apenas dois meses de planejamento até embarcar para Liverpool, na Inglaterra, onde passou três meses estudando inglês e vivendo novas experiências.
“Gosto muito de viajar e vivia me cobrando por não desenvolver uma comunicação com pessoas de outras nacionalidades”, diz Alberto. “Além disso, acompanho o mercado e tenho ciência da necessidade de ter este diferencial no currículo hoje em dia, pois a experiência do intercambio não soma apenas no idioma, e sim na maneira como vivemos a vida”.
Os cursos de idiomas são apenas uma das várias opções disponíveis de intercâmbio para quem deseja investir na própria formação. “Entretanto, há um intercâmbio certo para cada pessoa, e, na hora de decidir o programa mais adequado para a carreira do futuro intercambista, é preciso avaliar cuidadosamente o perfil de cada um”, explica Deise. Nessa hora, a melhor alternativa é entrar em contato com uma agência Selo Belta!
Tanto Ana quanto Alberto voltaram esperançosos para o Brasil em relação a novas oportunidades de trabalho. A crise econômica no país não ajuda, mas ambos têm confiança de que a experiência no exterior vai abrir novas portas na carreira de cada um. “Assim que voltei, dei prioridade no primeiro mês para retomar o networking”, conta Alberto sobre a volta. “Depois, pesquisei bastante sobre dicas de apresentação de CV e como valorizar a experiência do intercâmbio para a recolocação no mercado”. Foi questão de tempo até o contato de oportunidades em grandes empresas acontecer, ele revela.
Contudo, o intercâmbio não foi apenas uma forma de melhorar o currículo, a dupla admite. A experiência fora do Brasil resultou em ganhos que extrapolam o mercado de trabalho. “Você deve se planejar, colocar na planilha, se organizar financeiramente e ir na cara e na coragem, estar aberto a aprender, se despir de qualquer preconceito – as pessoas são livres para ser quem elas são – e isso: enfrentar e abrir a cabeça, porque você sai do intercâmbio não só com o inglês, mas com uma bagagem de vida fantástica”, arremata Ana.
PLANEJAMENTO É TUDO
Não ter uma fonte de renda garantida difilcuta na hora de tirar os planos do intercâmbio do papel, mas o desemprego não é exatamente um impeditivo para ter essa experiência. Por isso, nessa hora a palavra-chave é planejamento – especialmente no que diz respeito ao aspecto financeiro do investimento. “Optei por um intercambio que não comprometesse totalmente meu orçamento, mas que me fornecesse uma experiência única”, conta Alberto sobre a experiência de 3 meses em Liverpool. O profissional de RH dá dicas valiosas que aplicou durante sua estadia longe do Brasil: “Pesquisei sobre o custo de vida na região, estimei um limite semanal de gastos e fiz a opção de levar dinheiro em espécie, devido à cotação, e também um cartão pré-pago para usar somente para casos emergenciais”.
ATENÇÃO!
Uma experiência internacional de estudos sempre é positiva, mas não é tudo. Portanto, nunca deposite todas as fichas no intercâmbio para alcançar uma recolocação profissional. “Recomendo que quem anseia largar tudo para fazer um intercâmbio faça antes uma autocrítica para encontrar quais habilidades dentro da carreira devem ser melhoradas e desenvolvidas”, alerta Deise Cristina, da Beeducation. “Considerar que o intercâmbio vai garantir o emprego dos sonhos não é verdade”.