Rogério Desiderio vive em São Paulo, mas deixou para trás o ritmo frenético da capital paulista quando resolveu fazer um intercâmbio para a Nova Zelândia. A cidade de destino para estudar, porém, é o que chama a atenção em seu roteiro: Queenstown, lugar de pouco menos de 15 mil habitantes, cuja população não está nem entre as 20 maiores do país.
“Foi a melhor coisa que fiz na vida”, ele diz, sobre a experiência na pequena cidade para estudar a língua inglesa. “A cidade pequena me aproximou mais das pessoas, sem aquela correria de uma cidade grande, o que me deu uma paz de espírito sem igual”.
O empresário de 30 anos é apenas um dos estudantes que optaram por fugir dos grandes centros urbanos e capitais na hora de vivenciar a experiência de estudar no exterior. “É normal querer ir para as cidades famosas quando se pensa num intercâmbio”, aponta Ricardo Godoy, diretor da Agência Selo Belta Mundial Intercâmbio. “Mas quando você explica que o custo de vida nas cidades menores é mais baixo e que a quantidade de brasileiros tende a ser menor, muitas pessoas acabam se interessando por esses destinos”.
O fato de cidades menores serem menos procuradas acabam, naturalmente, resultando em ambientes com menos brasileiros – um ponto que pode contribuir na imersão total do estudante na cultura e idioma, além de render amizades com locais. O custo de vida mais baixo está ligado não apenas à questão de moradia e alimentação, mas também a gastos que acabam não existindo em lugares onde tudo é muito mais próximo. “Queenstown é pequena, então a vantagem é que conseguia fazer praticamente tudo a pé”, diz Rogério.
Não pense que cidades pouco badaladas sejam sinônimo de tédio. O destino neozelandês, por exemplo, oferece opções de lazer que vão desde bares e parques para piqueniques com os amigos até atrações ligadas à natureza, como rafting, bung jump e trilhas em meio a cenários paradisíacos – mais do que o necessário para que Rogério tivesse uma experiência marcante durante seus seis meses vivendo no local. Museus e atrações culturais pontuais também costumam fazer parte da rotina de quem opta por fazer o intercâmbio em lugares assim.
Faltam atrações turísticas globais? E daí? Ricardo, da Mundial Intercâmbio, faz uma ressalva interessante: “Um lugar de custo de vida mais baixo melhora todos os aspectos do intercâmbio. Os estudantes precisam entender que para conhecer o Big Ben ou o Palácio de Buckingham, em Londres, não precisa morar na cidade onde esses pontos turísticos estão”.
“A riqueza do intercâmbio está mais no convívio com os amigos da escola, e é mais relevante saber com que nacionalidades o estudante vai conviver do que se a cidade tem mais alternativas de lugares para se sair”, ele prossegue. “Numa cidade pequena, se o estudante faz amigos do mundo todo e tem dinheiro para sair toda noite e passear todo fim de semana, o intercâmbio será excelente. Ao passo que em uma cidade como Nova York ou Londres, a acomodação será distante, para ter um preço razoável, ou será caríssima, para ter uma distância a pé da escola. Só esse aspecto já viabiliza muito mais passeios, menos gastos e menos tempo perdido em transportes, quando se escolhe uma cidade pequena”.