O intercâmbio é uma tendência mundial que vem ganhando mais destaque no Brasil recentemente. Se você ainda não teve a chance de passar por essa experiência, certamente conhece algumas pessoas que já tiveram.
De acordo com a Brazilian Educational & Language Travel Association (Belta), em 2017, mais de 302 mil pessoas deixaram o Brasil em direção a um intercâmbio. Já em 2018, foram 365 mil, o que representou um crescimento de 20% em apenas um ano.
Mas por que tem tanta gente querendo fazer intercâmbio?
Muitos conferem esse boom dos intercâmbios à acessibilidade proporcionada pela internet. Pois, enquanto antigamente as oportunidade de intercâmbio ficavam restritas às famílias mais abastadas, agora ocorre uma maior democratização. É fácil acompanhar a oferta de bolsas estudantis, por exemplo.
Outros falam que a tendência é impulsionada devido à variedade de pacotes oferecidos por agências de viagens especializadas. O tipo do intercâmbio, a duração, e consequentemente o preço, fica à gosto do freguês.
Já eu sou bem suspeita para falar desse assunto – afinal, fiz dois intercâmbios, um acadêmico e um voluntário, e já sonho com o próximo rsrs -, mas tenho uma opinião formada.
Não nego que a concorrência das agências e a internet deram um baita gás nesse interesse por passar um tempo no exterior e vivenciar outra cultura. No entanto, acredito que a tendência tem uma raiz puramente geracional.
Falem o que quiserem de nós, millennials. O fato é que somos sedentos por algo que o intercâmbio entrega mais do que qualquer outra experiência: evolução.
“Nossa, ele/ela voltou outra pessoa!”
A frase acima é comum para se referir a intercambistas. Talvez você nunca tenha falado algo do tipo, mas possivelmente já pensou. O que me lembra a história que a minha família conta de um tio meu.
“Seu tio foi ‘mauricinho’ e voltou ‘hippie’ do intercâmbio.” – Eles sempre brincam.
É engraçado, mas é real! Esse tipo de mudança é comum, pois acontece no momento em que você é ejetado da sua bolha. Nela estão os círculos sociais, os ambientes, as crenças e costumes. Em resumo, tudo que você esteve acostumado a vida inteira deixa de ser rotina.
Você tem a oportunidade de começar do zero. De fato, você pode ser quem quiser. Consequentemente, surgem perguntas do tipo: ‘será que faz sentido manter a imagem que sempre nutri?’ e ‘será que faz sentido continuar dando valor às mesmas coisas?’.
Para mim, uma dessas perguntas veio numa situação bem específica.
Antes do meu primeiro intercâmbio, eu sempre gostei de comprar roupas, comprar sapatos, comprar qualquer coisa, na verdade… Mas, em dado momento, dentro da loja de roupas mais barata da Escócia, eu vi que o vestido de menor preço custava 13 libras – mais do que uma passagem só de ida para a Irlanda, que custava 10 libras na época!
Foi então que eu me perguntei: “o que vale mais para mim?”
Por incrível que pareça, essa simples pergunta foi a minha virada de chave para passar a valorizar muito mais experiências do que coisas. Desde então, eu mudei. Pois me pergunto isso constantemente, em diferentes ocasiões: “O que vale mais para mim: correr atrás dos meus sonhos ou o que vão pensar de mim?” ou “O que vale mais para mim: correr o risco ou ficar imaginando como seria?”.
Longe de mim estar imune às opiniões alheias. Longe de mim também ser 100% desapegada de bens materiais. Mas graças aos meus intercâmbios, hoje eu consigo valorizar muito mais o que realmente importa.
Portanto, sobre ‘voltar outra pessoa’, eu preciso discordar . Meu tio não voltou ‘outra pessoa’ , eu não voltei ‘outra pessoa’. Ele voltou mais ele, eu voltei mais eu. E essa é a evolução tão evidente que uma experiência de intercâmbio proporciona.
Vocês já viveram uma experiência de intercâmbio? Como foi?
Fonte: Blog Taissa Bordalo