Retomada é a palavra-chave para 2022, e uma viagem de estudos é o que o momento pede
por Gustavo Silva
Em retrospecto, é fácil dizer: 2021 não foi fácil para ninguém. Muitos eram os sinais de que estávamos rumo a um ano de retomada após meses sob os piores dias de uma pandemia global, com todas as suas implicações sobre a vida de cada um. A vacina contra o coronavírus, tão esperada, já estava entre nós. Seria tudo uma questão de tempo para, enfim, a retomada.
As coisas, olhando para trás, não saíram exatamente como o planejado. A passos curtos, a vida parecia se estabelecer novamente. Mas eis que, então, mais uma letra do alfabeto grego passou a fazer parte do nosso vocabulário. Beta, Gama e Delta perderam força para a Ômicron. O pior, de fato, parece ter ficado para trás, mas a bonança depois da tempestade já deixava de ser uma certeza para 2021. O ano novo seria, finalmente, o ano da retomada?
Dia após dia, apostamos que momentos melhores e menos turbulentos nos esperam adiante. E como um intercâmbio se encaixa nesse cenário? Oras, a viagem de estudos no exterior é, intuitivamente ou não, a síntese de um recomeço – ou melhor, de novos começos. Pois só deixamos o conforto de casa, da rotina e de um ambiente no qual sabemos o que esperar rumo ao desconhecido, a um cenário sobre o qual só temos uma noção mas poucas certezas, quando, tomados por um certo espírito de aventura, decidimos que o futuro será de dias melhores.
O aprendizado e o aprimoramento de um novo idioma são carregados de expectativas de valorização no mercado de trabalho. No mundo globalizado de hoje, é imprescindível dominar uma segunda língua para conquistas profissionais mais complexas e valiosas. Mas essa é apenas uma das facetas práticas do intercâmbio na vida do estudante.
A viagem para o exterior, independente do destino, é a garantia de vivenciar experiências nunca antes disfrutadas. E, aqui, não me refiro apenas às situações excepcionais que estão tão distantes da nossa realidade, como uma possível rotina em meio a temperaturas abaixo de zero e sobre a neve, a vivência em ambientes cuja flora e fauna sejam únicas, com paisagens compostas por elementos que o ecossistema brasileiro não comporta. Nadar nas águas quentes do mar Mediterrâneo, andar no lado contrário de ruas e estradas de muitos países anglófonos ou agasalhar-se para aguentar o frio de -20°C são momentos pitorescos – e muito curiosos!
Mas pensemos em coisas mais triviais. Falar, ouvir e pensar (sim, isso acontece durante o intercâmbio!) em outro idioma joga novas luzes nas relações humanas que cada um irá construir fora do Brasil. Esses contatos perduram por anos a fio. Já entrevistei centenas de alunos, de idades entre os 14 e 60 e poucos anos, e uma frase comum nessas conversas é: “fiz amigos para a vida toda”. A grande maioria dessas pessoas chegam ao seu destino de viagem sem conhecer ninguém e voltam para casa com amizades (e até mesmo com paixões!) duradouras. Como isso acontece? O intercâmbio tem essa mágica que foge à racionalidade.
Planejamentos com certezas absolutas são impossíveis, e, em meio a um ano que a pandemia, mesmo que mais branda, insiste em nos acompanhar, eles são cada vez mais incertos. Contudo, o atual momento, por mais paradoxal que seja, é o ideal para dar início a uma nova fase da vida. Vivemos um período de retomada. E o intercâmbio é o melhor gatilho.
Gustavo Silva (@gusssilva) é jornalista e editor da Revista Ei! Educação Internacional