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High School em um mundo pós-Covid?

Mesmo em meio a um cenário de incertezas, a essência e os benefícios de fazer o ensino médio no exterior permanecem para os estudantes

Gabriel Bartoli viu na chance de fazer parte do ensino médio no exterior uma oportunidade de realizar o sonho de morar fora do país e, com a mudança, ter a chance de “expandir meus horizontes e crescer como pessoa”. O embarque para Oceanside, na Califórnia, ocorreu em janeiro de 2020. Mas, meses depois, veio a pandemia do Coronavírus. A vida nos Estados Unidos do jovem de 18 anos tornou-se o metafórico sonho que virou pesadelo?  

“Não tenho nenhum arrependimento ou ressentimento quanto a esse período, apesar de ter mudado meus planos à beça”, relembra o estudante que concluiu o ensino médio em meados do ano passado em solo americano. “Tive que cancelar viagens e planos, parar completamente com a minha rotina, que eu adorava, e me adaptar a quase dois meses sem sair de casa. Mas foi também o período quando mais me aproximei das pessoas, da minha host family, e até dos meus amigos de escola, com quem eu conversava online”.

“Antes da pandemia, existiam caminhos já traçados. Já durante a pandemia, tivemos que andar por caminhos nunca antes caminhados”, reflete Perpétua Devite, CEO da agência selo Belta FYI Intercâmbios. A profissional destaca as adaptações pelas quais os estudantes brasileiros fora do país foram obrigados a passar, e pontua o caráter inédito da situação. “Não existe precedentes. É um ajuste diário com todo o cuidado. High School é um projeto de vida e o importante é não desistir e tratá-lo com a honra que o programa merece”.

À medida que novidades relacionadas à evolução ou contenção dos números da Covid-19 surgem, países abrem e fecham suas escolas. Contudo, o cenário para 2021, com a possibilidade da imunização em massa ao redor do globo, é de otimismo.

Flávio Crusoé, diretor da agência selo Belta BEX, alerta que, embora a normalização das viagens e das fronteiras – e, claro, da rotina escolar – deva ocorrer em meados de 2021, vale a pena cuidar do planejamento do intercâmbio o quanto antes. “O high school é um intercâmbio complexo, assim como o seu processo de inscrição, que envolve teste do idioma, documentação escolar, médica, preenchimento formulários, solicitação do visto…”. E se a situação não se normalizar? O especialista oferece uma opção adotada por muitas agências: remarcar o intercâmbio sem penalidades, “como fizemos em agosto de 2020”. 

Diferenças positivas

Embora alguns aspectos da high school no exterior devam mudar no mundo pós-Covid (assim como outros tantos da vida cotidiana), a essência do programa seguirá intocável, principalmente nas suas diferenças em relação ao ensino médio no Brasil –  que não são poucas. Paula Pereira Garcia que o diga. A jovem saiu da pequena Taquarituba para passar um ano letivo em Tullahoma, no estado americano do Tennessee. De uma sala de aula com 12 alunos no interior paulista, foi para uma instituição com 2300 estudantes nos Estados Unidos. “Quando vi a escola pela primeira vez, ela parecia uma universidade”, ela relembra.

Além da estrutura gigantesca, outras diferenças marcaram a estudante. Do horário (“estudava em período integral, das 8h às 15h, almoçando na escola”), aos métodos de ensino (“nas biológicas, por exemplo, o ensino era mais ativo, com experimentos”), Paula ressalta outro fator pouco explorado nas escolas brasileiras: a oferta de matérias fora do currículo tradicional. Entre opções como marcenaria e justiça criminal, ela conta que  frequentou as classes de finança pessoal e de psicologia – esta, sua aula preferida: “aprendemos desde as partes do cérebro até a analisar episódios da série ‘Criminal Minds’”. 

Por sua vez, Bianca Fortes aproveitou a temporada de um ano em uma high school de Nashville, também no Tennessee, para participar de aulas de marketing e de comunicação de massa. “Os alunos têm mais independência nas escolas americanas para aprender da forma que acharem melhor e escolherem suas prioridades”, conta a jovem, que destaca os efeitos práticos do período fora do Brasil: “Tive meu primeiro emprego em um cargo bilíngue e sei que o intercâmbio foi o maior responsável por ter sido escolhida no processo”.

Além das realizações acadêmicas e linguísticas, um intercâmbio durante o ensino médio implica em outras grandes conquistas pessoais. Bianca, Paula e Gabriel, mesmo vivendo a experiência em períodos, cidades e contextos diferentes, são unânimes em apontar que a temporada fora do Brasil foi muito importante para o amadurecimento e a independência de cada um. “O estudante volta diferente de um high school. É aquele programa de intercâmbio que ou você faz, ou se arrepende a vida toda por não ter feito”, resume Perpétua, da FYI. Por mais que o mundo mude como consequência da pandemia, o impacto da high school na vida dos estudantes permanecerá grandioso – em um ótimo sentido.

HIGH SCHOOL 101: GUIA BÁSICO

Para quem?
Estudantes com nível intermediário do idioma do país escolhido, com boas notas na escola, em vias de entrar ou que já estejam cursando o ensino médio no Brasil

Para onde?
Canadá, Estados Unidos e Nova Zelândia aparecem entre os principais destinos, seguidos por países como Alemanha, França e Reino Unido  

Quando?

No começo de cada semestre letivo do país escolhido (geralmente janeiro e setembro)

FAMÍLIAS CONTINENTAIS

Pais e irmãos no exterior? Estudantes falam como é viver com uma host Family

Via de regra, quem vai fazer a high school no exterior tem duas opções: ou se hospedar nas instalações do próprio colégio – as chamadas boarding schools – ou viver sob o mesmo teto de uma família local. Uma host family pode transformar a vida do estudante fora do Brasil, proporcionando experiências típicas que deixarão lembranças eternas.

“No começo foi meio complicado me adaptar, pois no Brasil eu era filha única e lá eu tinha 5 irmãos, fora os pais, mas todos fizeram me sentir em casa e acabei acostumando até mais rápido do que pensei. No geral, a relação era ótima. É incrível como em tão pouco um grupo estranhos passou a ser minha família. Eles inclusive estavam para vir me visitar e conhecer meus pais aqui no Brasil esse ano, mas a pandemia adiou nossos planos” – Paula  

“Morei com uma família local com uma mãe, um pai e um irmão mais novo de nove anos. Nossa relação era incrível, e até hoje mantemos um contato direto. Nós saíamos para fazer compras, comer fora e, além disso, íamos todos à igreja – minhas host mom trabalhava lá – e viajávamos também.  Eles tornaram o programa o melhor possível para mim” – Bianca

A moradia foi sem dúvida um dos melhores pontos doeu intercâmbio. Me senti em casa e criei laços fortíssimos com eles, que sempre me apoiaram muito e me apresentaram a cultura americana e à cultura deles – a mãe era japonesa e o pai descendente de porto-riquenhos. As crianças – duas irmãs e um irmão – também eram muito divertidas. A saudade de todos é uma das grandes desvantagens da minha volta” – Gabriel

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